AMIZADE verdadeira

Garota, hoje (17.10.2025) realmente tu me emocionaste. Fiquei com olhos marejados. Quase chorei... porque, para quem lida com palavras e preza muito os sentimentos, você me deixou sem saber o que falar por uns instantes para te agradecer pelo seu cuidado comigo. 

Agora, que estou escrevendo, minhas lágrimas caem, pois ainda estou emocionada. Foi muito forte o que tu disseste: vou orar.  

Para mim, a oração de intercessão é um dos atos mais poderosos que podemos fazer por outro ser. Orar por uma amiga mostra que você se importa com ela em um nível profundo, dedicando tempo e energia para levá-la a Deus. Grata garota.

Mas você não terminou por aí e continuou: E eu zelo por ti.

Ter zelo é mostrar um empenho genuíno em se interessar e agir em favor de outra pessoa com afeto e responsabilidade.

Eu realmente nem sei se mereço. No entanto, agradeço a Deus por ter me proporcionado conhecer você, minha amiga.

Em um mundo em que as relações estão cada vez mais superficiais, conhecer você, garota, é surpreendente. Uma garota que, apesar de tão jovem, tem tanto a ensinar. É um privilégio ser sua amiga.

Como Fernando Pessoa, eu acredito que a amizade é como um aprendizado complexo, que exige equilíbrio, paciência e uma dose de loucura e seriedade. Assim como o poeta português, meus amigos são escolhidos pela alma e não pela aparência, sendo capazes de compartilhar tanto a alegria quanto a tristeza. Para concluir eu deixo um poema dele:

Meus amigos são todos assim: metade loucura, outra metade santidade. Escolho-os não pela pele, mas pela pupila, que tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta. Não quero só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade loucura, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos. Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos, nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice. Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto, e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou, pois vendo-os loucos e santos, tontos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a “normalidade é uma ilusão imbecil e estéril. – Fernando Pessoa.

Salvador, 18 de outubro de 2025

ANA CELIA GUEDES