Novamente vivemos uma Era de transição
- acg747top
- 12 de abr.
- 4 min de leitura
Como eu vejo o que está ocorrendo no planeta agora. Não sou especialista em nada, sou somente uma observadora e uma pessoa que estuda a História. Para mim, isso não iniciou agora com a taxação de Donald Trump.
Eu lembro que quando entrei na faculdade de Comunicação, em uma das aulas de História (que optei em ter como optativa na minha grade de disciplinas na saudosa Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, em São Lazaro), as palavras do meu professor: estamos vivendo uma era de transição. Ele falou que o mundo seria tão desigual, que não teríamos como escapar. Ele profetizou, alguns podem até dizer que sim, mas outros (o que concordo) afirmam que era apenas um observador da história.
Era a década de 80 (a melhor que já vivi) o início da crise do capitalismo. O capitalismo, para sobreviver, teve que recriar o liberalismo. Veio a queda do Muro de Berlim, privatização de serviços estatais. Basta lembrar da Reunificação da Alemanha em 1990. A formação de novos países no Leste Europeu, como Iugoslávia, Eslováquia e Eslovênia, a desintegração da União Soviética e o início do processo de implantação do capitalismo globalizado.
Com o fim da Guerra Fria, iniciou-se uma nova ordem mundial: o neoliberalismo de Ronald Reagan e Margaret Thatcher. O neoliberalismo tinha como finalidade o combate ao poder dos sindicatos e a redução do papel do Estado na economia, o chamado Estado mínimo. Neste sentido, o Estado restringiu a sua responsabilidade social e relegou ao mercado financeiro e às empresas privadas parte dos seus encargos.
O modelo neoliberal foi baseado no mercado financeiro e não nos centros produtivos. A promessa era acabar com a inflação. O plano era entregar estabilidade econômica. O que nunca ocorreu, na verdade, aconteceram pequenas crises econômicas com a explosão dos super ricos e aumentou a desigualdade social, surgindo os sem-teto.
As medidas neoliberais começaram no Brasil no governo de Fernando Henrique Cardoso, ainda na década de 1990. O presidente FHC tirou o Brasil de uma crise econômica com o Plano Real, que se estendia desde a década anterior, resultado da desastrosa política do milagre econômico, originada na Ditadura Militar. De 2016 para cá, o nosso país viveu uma nova onda neoliberal.
Com os governos Temer e Bolsonaro, intensificaram-se discussões já propostas por parlamentares sobre uma reforma tributária, uma reforma da previdência, privatizações de órgãos públicos e terceirização dos serviços. Além disso, foi realizada uma reforma trabalhista que retirou alguns direitos dos trabalhadores conquistados com anos de lutas sindicais, precarizando ainda mais o trabalho formal e criando a Uberização (É um modelo de trabalho baseado na prestação de serviços sob demanda, sem vínculo empregatício) e a pejotização (contratação de um trabalhador por meio de uma pessoa jurídica (PJ), em vez de um contrato de trabalho com base na CLT).
Os Estados Unidos viraram o centro financeiro do mundo, com a valorização do dólar. O modelo neoliberal foi baseado no mercado financeiro e não nos centros produtivos. A promessa era acabar com a inflação. O plano era entregar estabilidade econômica. O que nunca ocorreu, na verdade, aconteceram pequenas crises econômicas com a explosão dos super ricos e aumentou a desigualdade social, surgindo o sem-teto.
Em 2008, uma grande crise financeira causada principalmente por empréstimos imobiliários nos Estados Unidos. Diante da fragilidade da economia americana, Donald Tromp sempre quis impor uma nova ordem social. Ele tentou fazer isso no primeiro mandato, mas não teve sucesso porque veio, em 2020, a pandemia de Covid-19. Com ela, o início do processo inflacionário nos Estados Unidos, agravado posteriormente pela desorganização das cadeias globais de produção e conflitos internacionais, como a Guerra na Ucrânia.
Agora, em seu segundo mandato, Donald Trump tenta de novo impor uma nova ordem mundial, cujo objetivo é desvalorizar o dólar, mas mantendo como moeda hegemônica para poder enfrentar a competitividade da China. É um reset econômico, realinhando o comércio mundial, através do protecionismo norte-americano, com o sistema de taxação no mundo inteiro. O governo Trump quer recriar o Mercantilismo.
O Neomercantilismo é uma política econômica que visa proteger a indústria nacional, criando impostos para aumentar as exportações e limitar as importações. Será que o Neomercantilismo será a nova ordem mundial? É algo muito difícil, segundo os especialistas. Vamos ver?
Ou vai surgir outra nova ordem mundial, através dos membros do BRICS? Esse grupo de países de mercado emergente é formado por 11 países (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia, Irã). Eles querem construir uma nova ordem mundial multipolar, fundada em vários centros de poder. A China e a Rússia incentivam o uso de moedas nacionais nas transações financeiras entre os países do BRICS e seus parceiros comerciais.
Paralelo ao BRICS, a China também está querendo reviver a Rota da Seda. A Rota da Seda foi uma rede de rotas comerciais que ligou a Ásia ao Ocidente por mais de 1.500 anos. Foi fundamental para o desenvolvimento de civilizações e para o intercâmbio cultural entre o Oriente e o Ocidente. A China tem um projeto de infraestrutura e investimentos, chamado "Nova Rota da Seda", ou "Iniciativa Cinturão e Rota". O projeto visa expandir a economia e a influência chinesa no mundo.
Eu sinceramente não sei quem vai ganhar? Estados Unidos, China ou BRICS. Só tenho certeza de que estamos vivendo novamente uma era de transição.
ANA GUEDES

Comments